07 outubro 2010

MIL TONS

Sabiá, sabia? Vi Chico cantar
Virou melodia, Luiz Pérola
Voz na travessia, Milton ilu-Minas
Uma língua que inventa a saudade
Respira tons de Jobins, de Gonzagas, de Jackons
De um soneto sai vida e de um amor nasce a canção
Caymmi, Vinicius, Paulinho, Cartola, Gil, João...

Caetano, meu mano, pintou Santo Amaro de 'outras palavras'
São Jorge, guerreiro, do Benjor, do bem, maravilha!
Se vier de lá, por assim dizer, singela cantiga
Mil tons vão chegar à corda que toca em mim

Sol de sertania é mar de Elomar
Êxito de sina, djavanear
Alceu Ventania, leque de Olinda
Uma língua que inventa a saudade
Respira tons de Jobins, de Gonzagas, de Jacksons
De um soneto sai vida e de um amor nasce a canção
Caymmi, Vinicius, Paulinho, Cartola, Gil, João...

Com que roupa eu volto do samba do Noel, do papo da Vila?
Pizindim, Lamento quem passa sem choro na vida
Se vier de lá, por assim dizer, singela cantiga
Mil tons vão chegar à corda que toca em mim
Mil tons vão chegar em mim...

(Laura Dantas)

06 março 2010

A barca da fantasia

O Tempo, esse senhor não-renovável, que insiste em ser tema dos nossos sonhos mais recorrentes e inúteis... o Tempo 'que não larga a grande roda' e faz a gente imaginar em vão que seu tempo nos dará tempo...
Um beijo e um abraço sem tempo, meu irmão.

20 fevereiro 2010

La Décadence

Tico tinha prometido que o primeiro post do ano seria leve como a pluma... mas o ano não começou bem em lugar nenhum mesmo... e até Teco, dessa vez, ficou pra lá de injuriado, prometeu que quem lhe encher muito os pacová vai se arrepender!!! 'PUF' 'POU' 'POU' 'POU'!!!!!! Recado postado! ('plec' 'plec' 'plec')

02 dezembro 2009

Miragens...

Fim de ano chegando, Tico e Teco à beira de um ataque apoplético nesta quase finda rotina escolar de corredores ruidosos, paredes brocadas, tetos despencados, janelas quebradas... ao chão jaz um armário bichado de portas entreabertas e intocáveis (afinal quem cutucaria as dobradiças daquele lúgubre santuário?) Mas eis que uma amarelada folhinha recortada de jornal, dependurada por um percevejo, faz o irriquieto Teco e sua verve jornalística meterem a mão na cumbuca, digo, na porta do armário e despregar de lá o papel. Um pequeno artigo não datado sob a rubrica de Ernst Widmer, tá lá "(*professor titular da EMAC/UFBA)". Ali, entre temas e variações, o fundador do célebre Grupo de Compositores da Bahia considera: "(...) Na verdade padecemos de uma miragem: o conflito entre tradição e inovação, entre o institucionalizado e o não, entre ensino dogmático e ensino heterodoxo, é um conflito apenas aparente e efêmero. (Se compararmos hoje as músicas de ferrenhos opositores como Wagner e Brahms, constatamos mais semelhança que diferença. Desse modo, parecem irrelevantes as críticas que uma corrente faz à outra). Essa miragem seduz a relevar em vez de instigar, a elogiar em lugar de questionar, a consentir em vez de divergir com os nossos pares. Questionar teorias, atuações, instituições e sistemas é saudável". Tico também lê, saem os dois dali reenergizados, quase tranquilos, olhos contemplativos, quase saudosos, de que tais palavras estão a reverberar de alguma forma naqueles corredores ruidosos, naquelas paredes brocadas e armários abandonados...

13 outubro 2009

Lé com Cré

Teco tenta ensinar a Tico a técnica da meditação seguida de um longo expirar em 'oooommmm', mas este, temperamental, costuma mandar às cuias qualquer insight de inspiração oriental. Com índice zero de tolerância, profere sistemáticos impropérios em reuniões familiares e, principalmente, no trânsito. Aliás, engarrafamentos, filas de supermercado, atendentes de call center e repartições públicas lhe causam delirium tremens. Teco é o oposto, sabe escutar, conciliar, ponderar, acalmar os ânimos (o próprio e os alheios). Tico é tranco, Teco é tantra... o mundo é assim... mas pode ser assado... vezes Yin... vezes Yang... branco com bolinhas pretas... preto com bolinhas brancas... um grito no silêncio... o silêncio no grito... a mão que afaga... que apedreja... o norte... o sul... o leste... o nonononononono............


15 setembro 2009

Pleno neologismo sonoro



Talvez seja mera relação cármica, talvez o Congo seja ali ou aqui, acolá, colé...
O Congo de Lokua Kanza é franco. É afro-franco-brasileiro.
Nada que precise explicar.
Aliás, vamo combinar que nada que preenche precisa.
Dispensa traduções, embora traduza aos montes.

(clique meu com máquina emprestada)

29 agosto 2009

Só Bob salva!

Quem tem a pachorra de acompanhar as atividades do Senado deve mesmo chorar, mas vá lá que tem seu lado divertido. Ler, por exemplo, as 32 páginas da ata de apreciação do relatório final da CPI do Apagão Aéreo é salutar pra quem ainda não fez seu mea culpa perante o medo da Regina Duarte. É por isso que o Walter Sales acha fácil ganhar prêmios com documentários made in Brazil. No país do absurdo, quem irá dizer que a realidade não é muito mais cinematográfica que a ficção? Música de fundo(s): "Um dia alguém me falou que eu cresceria num país tão belo/ Tudo verde e amarelo/ Todo mundo sincero.../ Marmelada, Tô comendo nada!" E esse Back2Black, alguém explica por que Marina Lima e Marisa Monte entraram na programação?

11 agosto 2009

Tem mais Sampa no 'sol' do que na lua...


(foto by André Stangl)

Caetano, eu tinha que lembrar... na direção do albergue, no cruzamento da Ipiranga com a Av. São João, no tropeço de apressados mascarados (nesse caso, não os foliões), na real deselegância de meninos e meninas. Eu, no avesso da aparente expectativa que dá disposição à cidade para encarar a si mesma, cantando Chico, errando toda a letra e trocando 'samba' por 'Sampa', admirando o pôr do sol no Ibirapuera... colou.

18 julho 2009

Music face to face

Uma disposição diferente para se ouvir música surgiu desde que a tecnologia possibilitou o armazenamento do som. Levar música para casa foi um avanço em termos mercadológicos, mas também um fato revolucionário do ponto de vista sociocultural, um "vandalismo artístico" de que fala Antony Hopkins, uma fragmentação cognitiva experimentada pela sociedade contemporânea. No tempo individual, diametralmente oposto à velocidade dos acontecimentos, o que significa 'desligar' Mozart ao chamado do telefone e ler apenas as manchetes dos jornais? O que significa o recorte imposto pelo mundo moderno que nos faz priorizar o efêmero (a chamada) em detrimento do estável (a gravação)? A música que convive com a realidade do play/ pause/ repeat/ skip/ random, em novas formatações e escutas improváveis, torna-se o quê? Um acessório ou uma ponte para a diversidade? Recriada no tempo/espaço, é matéria de uma nova arte ou entulho na embrulhada audivisual do mundo globalizado? Será o surrealismo sonoro? A "experimentação total da esterilidade"? (parafraseando o Dalí), ou a crazy animation com paisagens oníricas de um tempo de verão?


03 julho 2009

A tempo: há tempo?

Sou do tempo. No tempo. Só tempo.